sexta-feira, 26 de março de 2010

E a obrigatória resenha de... Crepúsculo

Essa TINHA que entrar no blog, ara sô. XD Talvez um dia eu também tenha coragem de postar uma que fiz sobre o simbolismo bem-mal em Drácula. Talvez.

Essa resenha foi publicada na comunidade Escritores de Fantasia, em 14/01/2009

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Crepúsculo meio que surgiu como leitura obrigatória, para mim, principalmente pelo sucesso com as adolescentes e pré-adolescentes. Eu precisava ler, e ver até onde o livro tinha mérito por isso. Quer dizer, apesar de tudo, podia ser um livro bom. Muito restrito a seu público, mas bom. Fingi que era um artigo acadêmico e fui.


Para ser justa, preciso dizer que ele é nota 10 em termos de dizer exatamente o que uma garota no início da adolescência (e muitas ficam assim até a velhice... brr...) quer ouvir. Faça sentido, ou não. Quero dizer, meninas (a partir daqui, "meninas" vai significar qualquer mulher que aja como uma pré-adolescente, em qualquer idade) não ligam se não existem detalhes como ação, suspense, subtramas e essas coisas, desde que haja romance e fofocas. E isso, o livro tem.

Ouso dizer que, se tivesse lido Crepúsculo nos meus quinze anos, teria me envolvido bem mais com a trama. Assim como a protagonista, eu acabava de voltar para a geladeira da minha cidade natal depois de alguns anos numa cidade grande, e não estava particularmente animada.

O que me leva à conclusão interessante de que a personalidade e background de Bella parecem ter sido montados com todo o cuidado, para que a personagem tivesse empatia com o maior número possível de meninas. Quase toda adolescente/pré-adolescente pode ver alguma coisa sua nessa moça - ela parece ter sofrido todo tipo de experiência que se pode ter nessa idade.

Muitas pessoas reclamaram da falta de ação do livro, mas já expliquei isso... Ele é um livro para meninas. (Sem protestos sexistas aqui, pessoal.) Se algum rapaz gosta, é acidental. O público alvo nunca foram os homens e ponto. E posso imaginar minha irmã mais nova, de 16, devorando todas as páginas sem perder o interesse, ainda que a única briga da trama não tenha sido mostrada. (Raios! ) O fato de os vampiros brilharem ao Sol nem chega a ser um defeito (embora seja meio... ah, não consigo pensar em uma palavra que exprima isso): vocês estão carecas de saber o quanto mulheres gostam de coisas brilhantes. :D


OK, fui justa. Agora que soprei, peço licença de morder. =3

O defeito de Crepúsculo está em não ter elaborado melhor algumas coisas. Por exemplo, os diálogos entre Bella e Edward, no início da trama. Caramba! Dá pra perceber que a autora tentou criar algo misterioso, cheio de meias-respostas, e tal, pra criar um clima romântico. Pode funcionar com as meninas, mas não com um leitor mais experiente. Para mim, muitas vezes soavam como frases aleatórias, que dificilmente alguém diria numa conversa. Quando a autora, enfim, abandona a linha das meias-respostas, por parte de Edward, a coisa melhora um pouco. Mesmo assim, tem umas frases dele que, mesmo que você faça o desconto de ele ter seus 100 anos, pelo amor de Deus!

E, que fique claro, se a Bella usasse, só mais uma vez, a palavra “perfeição” para se referir a Edward, eu entraria no livro para dar um bofetão nela. Tá, toda menina cegamente apaixonada acha seu namorado perfeito. Mas tem maneiras menos acintosas de se colocar isso num livro. Mesmo num livro narrado em primeira pessoa pela adolescente em questão.

Falando nisso, acho que os personagens mais críveis na história toda são os colegas normais de Bella, e o pai da menina. Charlie é fofo. =3 Sabem, não sou muito exigente em termos de empatia com personagens. E tenho uma fraqueza vergonhosa por garotos ruivos de olhos verdes. Assim sendo, o fato de eu não ter dado a mínima para Edward Cullen é fato digno de preocupação para qualquer autor. Ainda mais com esse nome, um dos meus preferidos. (Tô falando que, se eu tivesse lido Crepúsculo há alguns anos...)


Na verdade, uma boa terapia não faria mal para os protagonistas do livro. Lembram que eu disse que Bella tinha um pouco de cada menina que pudesse ler o livro? Infelizmente, ela incorpora, e de forma alarmante, a obsessão que algumas têm pela presença do namorado. Bella não está apaixonada por Edward – ela está obcecada, de forma doentia. Tirando a perfeição (grrr...) física dele, e o fato de ele ter lá seus poderes, ela não dá mais nenhum motivo pelo qual gosta dele. Vez por outra, ela menciona que ele é gentil e atencioso, mas bem por alto. O negócio é ficar olhando pra ele, babando por ele, se derretendo quando ele olha para ela, quando sorri para ela. Mesmo levando em conta que ele tem o tal do “charme vampírico”, isso vai longe demais. E, depois que eles começam a andar juntos, a menina praticamente surta se Edward não fica com ela 24 horas por dia!

Já Edward, esse também tem sérios problemas. Acho que Bella está certa quando diz que ele tem múltiplas personalidades. É a única coisa que explica tantas mudanças de humor e tantas incoerências em tão curto espaço de tempo. Certo, eu entendi o que a Stephenie quis fazer com ele: mostrar que ele está balançado entre a vontade de estar com Bella e o medo de saltar no pescoço dela, se ficar perto demais. Perfeito. Nesse ponto, aliás, se encaixa muito bem o fato de ele estar sempre seguido a moça. Só que as atitudes dele simplesmente não fazem sentido! O mais verossímil, nessa situação, era ele não se dirigir a ela e adotar alguma linha de defesa – ou o silêncio, ou a permanente agressividade. Mesmo que se amaldiçoasse depois, por isso. Mas não, ele não pára de falar com ela. Faz a menina se derreter por ele (por falar nisso, como Bella disse, não dá pra acreditar que ele não saiba o efeito que causa nas pessoas), e depois diz “é melhor não sermos amigos”, “é melhor ficar longe de mim”... Seria melhor se a Stephenie se decidisse se queria um Edward complexado ou um Edward conquistador.


A coisa que achei mais no lugar, na personalidade do rapaz, é o fato de ele perguntar, de segundo em segundo, o que Bella está pensando. Afinal, ele estava acostumado a ler a mente de todos, e não saber o que a menina que ele gosta – justo ela – está pensando deve ser mesmo uma tortura. Isso, aliás, foi até um jeito legal de justificar o interesse dele por ela.

Outra coisa sobre Edward são todos os meses que ele passa visitando-a no quarto dela, sem rolar nada. (meses, porque li a série toda. :P) Aaaaah, qualé! Mais uma vez, a Stephanie não se decide que abordagem quer dar ao Edward, e acaba num meio termo sem bases. Se ele é tão complexado com a possibilidade de matar a Bella, o melhor era nem aparecer no quarto. Ele diz que sente desejo por ela – isso seria motivo suficiente para ou ele nem pôr os pés lá, ou mandar a precaução às favas logo de uma vez. :\ (Aliás, cá pra nós... Ficar vendo uma pessoa dormir a noite inteirinha pode ser divertido ou interessante? Por mais que ela fale no sono?!)


No fundo, Edward age como toda menina queria que o príncipe encantado agisse. Mas não sei se é possível existir alguém que aja exatamente assim. As pessoas são mais complexas que isso – mas não tão complexas a ponto de agir como Edward age.
A conclusão sobre os protagonistas é que eles não causam empatia em mim simplesmente por não terem individualidade. Bella é um amálgama de várias garotas (mais um transtorno obsessivo por Edward), e Edward é um misto de todas as expectativas que uma menina tem sobre o apaixonado ideal. Eles não são o que são, são o que querem que sejam. Isso tira muito da força deles, como personagens. Claro que eu concordo que Bella é mais um convite para que a menina se coloque no lugar da protagonista, e Edward, mais uma estátua para ser admirada (talvez por isso, Bella só goste da beleza dele, e mais nada), mas eu preferia que eles fossem mais gente.

Conclusão da leitura: a que eu esperava. Como eu disse lá no início, Crepúsculo é um livro para meninas. Só isso, mais nada. É um livro para as meninas se imaginarem, por um segundo, ao lado do namorado perfeito. Claro que é 100% escapista – nenhuma menina pode achar que, se agir como Bella, terá seu Edward. Na verdade, qualquer garoto de verdade se cansaria da obsessão da Bella, depois de algum tempo. Mas nada – nada – tira dele o mérito de mexer tanto com as fantasias de garotas adolescentes, a ponto de virar o fenômeno que virou.


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Complemento sobre os outros livros da série:
 
Bom, minha curiosidade é uma força da natureza forte demais pra ser ignorada, principalmente quando a chave para saciá-la está ao alcance. Eu tinha os quatro livros da série em mãos. Como poderia não lê-los?


Sim, Lua Nova é irritante. Mas tem uma parte boa, e essa parte é Jacob. Ele consegue, em Eclipse, o que faltava em Crepúsculo: dar uma individualidade a Bella e Edward. Eles finalmente descem de seus pedestais e viram gente, especialmente Edward. E a obsessão da Bella está muito mais controlada depois de Lua Nova. (Ufa!) Eclipse, o terceiro livro, é bem melhor que os outros dois e Breaking Dawn (o último lançado, sem tradução oficial) é melhor que Eclipse. :P

A Stephenie realmente evoluiu de livro para livro. Mas uma coisa, preciso frisar. Continua sendo um livro "de meninas" até o fim. Meu lado testosterona quer matar essa mulher por criar, em todos os livros, o maior climão de brigas homéricas e, em três dos quatro livros, fazer tudo acabar em pizza.

SPOILERS:



E, sim, depois de muito mimimi, os dois pombinhos finalmente vão pra cama. Depois do casamento, mas vão. E esse ato tem conseqüências, que é o que faz Breaking Dawn mais interessante que os outros. :D"

quarta-feira, 24 de março de 2010

Dando um twist no blog/Fuga de Rigel

Pessoal! Não tenho atualizado o blog do Conservatório simplesmente porque a história tem mudado mais rápido do que sou capaz de atualizar esse bicho. Só que fiquei pensando... Bem que dava pra eu dividir algumas coisas legais com vocês sobre livros, vampiros, paranormais & outros bichos. Sendo assim, vou ver se posto umas (mais ou menos) resenhas e uns making of da história. :D

Eu talvez devesse começar com minha resenha de Crepúsculo, mas tem uma que tou devendo há beeem mais tempo: a resenha de Fuga de Rigel, do Diogo de Souza. É um romance sobre paranormais, o que significa que Cristina deve ter algum interesse nele. :D

(É bom frisar que não sou boa crítica literária. Talvez fosse mais adequado dizer que isso é uma opinião minha. Leio por prazer, na maior parte do tempo, e é só.)

A história de como esse livro foi parar na minha mão é legal. Quando ele saiu, entrei no site e vi um preview de algumas páginas do livro. Fiquei curiosíssima e pensei: "Ei, eu quero esse livro!". Não é que, na mesma ocasião, houve um sorteio na comunidade Escritores de Fantasia, e eu ganhei o fulano, com dedicatória e tudo? Pois bem.

A história já começa eletrizante, com a fuga do garoto que dá nome ao título. A bem da verdade, em mais da metade do livro, o que Rigel mais faz é fugir, e tem umas escapadas muito bacanas. De todos os personagens, o que mais gostei foi o pai dele. Talvez porque seja o único "mundano" da história. =P

A trama do livro é ótima. Gostei muito, mesmo. Mas no final, fiquei com... sei lá, uma sensação que nunca consegui definir muito bem. Não é só pelo fato de que achei a cena final bem aquém do que poderia ser. Meio confusa, sei lá. É um algo além disso que não vi ninguém comentar, então, não soube comparar impressões para dar corpo a esse sentimento confuso.

No geral, porém, é um livro-pipoca bem legal, e tinha horas que até dava dor de cabeça de tanto eu querer chegar no fim, mas ter que parar por algum motivo. O site (http://www.fugaderigel.com.br/) complementa bem a leitura e tem a tabela dos atributos psíquicos dos personagens. Não posso negar que tenha me inspirado ao definir as paranormalidades d'O Conservatório.

Mais resenhas, tem no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/sobre/11542/resenhas:1

No próximo post, minha temida resenha de Crepúsculo. =D

Até lá! o/